A filial brasileira da Heineken alterou a fórmula original da cerveja, que a consagrou globalmente, sem informar seus consumidores. Há pelo menos três anos, a cerveja, tradicionalmente produzida em 28 dias, passou a ser fabricada em 21 e 23 dias, conforme documentos obtidos pela coluna.
Após a publicação da reportagem, consumidores notaram mudanças no sabor da Heineken nas redes sociais. Consultada sobre o assunto, a Heineken alegou que a produção “sempre foi de no mínimo 21 dias”, divergindo de sua comunicação oficial e dos documentos internos, que mostravam testes para avaliar o impacto da redução no sabor.
A fórmula original da Heineken estipula um processo de 28 dias: enchimento do tanque em 12 a 24 horas, fermentação principal de sete a oito dias, armazenamento para atingir o nível específico de diacetil em seis a oito dias, e uma maturação final de 14 dias. A mudança reduziu esta última etapa.
Funcionários, sob anonimato, confirmaram que os testes começaram há três anos para atender a demanda local. Inicialmente, a produção foi reduzida de 28 para 23 dias e, posteriormente, para 21 dias.
O site oficial da Heineken ainda afirma que a cerveja é feita da mesma maneira desde 1873, mencionando os “longos 28 dias” necessários para a produção, sem referência às mudanças implementadas no Brasil. Em 2016, o mestre-cervejeiro Willem van Waesberghe reforçou o processo de 28 dias em uma entrevista no Brasil.
Além disso, documentos revelaram testes com tanques verticais, contrariando a publicidade da Heineken que enfatiza o uso de tanques horizontais, essenciais para a pressão ideal da exclusiva “levedura A”. Apesar disso, a Heineken nega a produção em tanques verticais e afirma que “inúmeros testes são realizados diariamente”, garantindo que isso não altera o processo produtivo ou a receita original.