
Manaus (AM) – Um áudio que circula desde esta semana em grupos de imprensa e bastidores políticos trouxe à tona uma nova crise envolvendo a Prefeitura de Manaus. Na gravação, supostamente enviada por um representante de veículos de comunicação locais, o secretário municipal de Comunicação, Jack Serafim, é cobrado duramente por PIs (pedido de inserção) atrasadas de portais e blogs que veiculam propagandas da gestão municipal. O que chocou ainda mais foi a menção a uma ameaça de morte registrada em cartório, supostamente recebida por um dos cobradores.
No áudio dá para escutar a cobrança de dois pagamentos de R$15mil e em seguida dois pagamentos no valor de R$10mil, o prestador de serviços está há meses esperando esse pagamento e relata que outras pessoas também não receberam, o tom de desespero se intensifica quando ele fala sobre a família estar passando necessidades devido aos pagamentos atrasados há muitos meses.
Segundo fontes ouvidas sob anonimato, a cobrança refere-se a materiais de campanha institucional já veiculados por sites locais, muitos dos quais atuam em apoio à imagem da atual gestão. Os serviços teriam sido realizados com a promessa de pagamento por meio de processos internos da Prefeitura — que não teriam sido liquidados até o momento.
Silêncio oficial e revolta nos bastidores
O tom do áudio é de revolta e frustração. Além da denúncia de calote, o remetente afirma que outros comunicadores também estariam sofrendo ameaças ou sendo pressionados por parceiros e fornecedores diante da falta de pagamento. O fato da suposta ameaça ter sido registrada formalmente em cartório mostra que a situação passou do limite da tolerância e gerou insegurança pessoal.
A Secretaria Municipal de Comunicação ainda não se pronunciou oficialmente sobre o conteúdo do áudio nem sobre os pagamentos pendentes.
Calote generalizado? Crise atinge terceirizados e fornecedores
Esse novo escândalo se soma às recentes denúncias de atrasos salariais e calotes a empresas terceirizadas que prestam serviços essenciais à Prefeitura, como:
• B M Service: com contratos que somam mais de R$ 33 milhões, deixou trabalhadores sem salário desde dezembro de 2024.
• Enterpa: mesmo tendo recebido mais de R$ 12 milhões este ano para atuar na coleta de lixo, fornecedores locais reclamam de calote e desvio de recursos para a matriz em São Paulo.
• Mamute Conservação: garis terceirizados também ficaram sem pagamento, apesar da Prefeitura afirmar que os repasses foram feitos em dia.
Comunicação institucional em xeque
A revelação de que portais alinhados com a gestão estão cobrando por serviços não pagos levanta um ponto sensível: o uso de recursos públicos na comunicação institucional. A falta de transparência nos pagamentos e a ausência de posicionamento oficial alimentam suspeitas de favorecimento, falta de fiscalização e gestão precária dos contratos.
Consequências legais à vista
A suposta ameaça de morte registrada em cartório pode levar o caso a uma esfera criminal. Juristas ouvidos por nossa equipe afirmam que, se confirmada, a denúncia pode resultar em investigação policial e responsabilização penal, independentemente do vínculo contratual com a Prefeitura.